Saudações amigos,
Hoje é dia 08 de novembro, e neste momento escrevo-lhes de dentro do trem que nos leva de Salzburg (Áustria) para Frankfurt (Alemanha), onde pegaremos o vôo de volta para o Brasil. São 6:00 da manhã, e nós ainda não dormimos direito, pois estávamos desde a meia noite cuidando das malas e equipamentos na estação de trem. Neste exato momento, já com o trem em movimento, descobrimos que 3 cafés custam 8 Euros, aproximadamente 20 Reais (!!!).
Ok, voltando à tour: saímos no dia 02/11 (terça-feira) no início da tarde de Szczecin (Polônia), no hotel onde nos hospedamos pra passar os dois day offs que sucederam o show que fizemos na cidade. Nos despedimos do nosso amigo Rafo, que nos presenteou com alguns artigos militares do exército polonês, usados por ele mesmo na guerra do Iraque; e seguimos viagem. Começara uma saga de seis shows, em dias seguidos, e em cidades não tão próximas uma da outra. Pra começarmos bem, faltou combustível na van por um baita descuido nosso, mas demos a sorte de estarmos em uma descida, onde no final havia um posto. Mais sorte que juízo!
Chegamos ainda na terça-feira no Wagon Club para o sétimo show da tour, na cidade de Wroclaw (PL). O lugar é bem ao lado de uma estação de trem antiga, e o boteco é todo temático nesse sentido. Tocamos só nós e a ItSelf, e foi um show foda. Quando começamos, não tinha quase ninguém no bar, e de repente começou a chegar uma galera, que ficou até o final pra conferir o som.
De lá nós fomos direto pra Katowice, ainda na Polônia, para o Pub Korba. Dormimos um pouco no estacionamento que tinha bem em frente ao clube, demos um rolê pela cidade, e no final da tarde começamos o maldito ritual de carregar todo o backline pra dentro do boteco. Os shows foram bons também, apesar de ter um pouco menos de público que no dia anterior. Mas tudo certo, afinal, era uma quarta-feira. Ficamos tomando umas cervejas até o bar fechar, e fomos dormir ali mesmo, num quarto mal assombrado no andar de cima.
Saímos no dia seguinte (04/11) bem cedo, pois o próximo show seria em Budapest (Hungria), e estávamos longe pra caralho de lá. A viagem foi bem cansativa, mas compensou pelo show, pois deu uma baita galera, e o pessoal bateu cabeça até não aguentar mais. Show de bola, bem melhor do que podíamos esperar. No final do show, o Tomy, dono do clube Vadvirag Tanchas, nos presenteou com uma bebida típica da região, da qual não fazemos idéia do que era. Mas foi “um, dois, três, vira!”, e em segundos estávamos todos tontos. Vi gente tomando seis doses daquilo, e não sei como sobreviveu. Passado o breve porre, fomos dormir, pois a correria estava apenas começando. No dia seguinte nós acordamos tarde pra cacete (pra variar), e fomos para o clube desmontar e carregar o maldito backline DE NOVO!
De lá nós seguimos pra Pécs, na Hungria, para fazermos o próximo show. Era sexta-feira, e a expectativa para o show era das melhores. Acertamos! Deu uma galera muito boa, que agitou o show todo sem parar. Em poucas palavras, esse foi um dos melhores shows até então. Ficamos lá até o bar fechar ouvindo Sepultura, Pantera, Slayer e outros clássicos, e a galera não parava de agitar, mesmo sendo som mecânico. Foi foda, o público correspondeu muito acima da média nessa noite.
Dormimos apenas umas duas horas, e já nos mandamos pra Rijeka, na Croácia. Sabadão, dia 06 de novembro, aparentemente um dia perfeito. Não se enganem! Entrar na Croácia foi não foi fácil, e por pouco nós não perdemos o show. Na primeira tentativa, não nos deixaram entrar, pois a polícia federal da fronteira não aceitava o fato de duas bandas possuírem um total de 2 guitarras e dois baixos. Parece absurdo, mas foi o que rolou. Nos mandaram embora do país, e lá fomos nós procurar outra fronteira pra tentar a sorte e não perder o show. Depois do Ricardo (ItSelf) quase atropelar a policial na nova fronteira, a desgraçada se vingou nos fazendo tirar tudo da van e da carreta, e isso inclui o maldito backline. Esse esforço todo nos deixou podres de cansados. Obviamente nós achávamos que não ia rolar mesmo de entrar, mas no fim deu certo, e seguimos viagem. Agora vocês podem nos chamar de burros, porque deixamos faltar diesel mais uma vez. Foi trágico e cômico. Eu (Alex) e o Jô (baixista da ItSelf) saímos a pé no meio do nada procurando por um posto. Pedimos informação aleatoriamente para um moleque que estava lavando o seu carro, e demos a sorte (de novo) de achar um cara gente boa. Ele nos levou até o posto, pegou diesel com a gente, e nos levou de volta até à van. Chegamos exatamente na hora em que o carro de socorro da rodovia estava parando pra nos ajudar e aplicar uma baita multa, mas fomos mais rápidos e demos no pé antes de dar merda. Sorte (mais uma vez)!!! Chegando em Rijeka, no Club Palach, chamamos os organizadores para nos ajudar com o backline, e felizmente eles estavam dispostos a cooperar. Esse foi o show mais cansativo de fazer, estávamos exaustos, mas como era de se esperar de um sábado (06/11), deu uma galera violenta no show, e isso nos deu um gás extra pra quebrar tudo e destruir os pescoços presentes.
Dormimos no próprio clube, e no início da tarde nos mandamos para a Eslovênia, onde faríamos o último show da turnê. Achávamos que por estarmos voltando a um país da União Européia, não teríamos problemas, mas novamente passamos trabalho. Por estarmos voltando justamente da Croácia, que não faz parte da União Européia, e carregando uma porrada de equipamentos, o policial esloveno encrencou e não quis deixar a gente entrar. Mostramos o contrato de aluguel do backline, e depois de muito papo conseguimos passar. Ufa! Era só o que faltava, não conseguirmos fazer justamente o último show da tour. Chegamos no clube AKD Izbruh (pensem num lugar macabro), e assim que o organizador do show chegou, montamos tudo e descemos a lenha. Apesar de não ter tanta gente como nos shows de sexta e sábado (provavelmente por causa da baita chuva que não parava de cair), o agito foi gigante, o pessoal curtiu muito! No final do show, para encerrar com chave de ouro, fizemos uma pequena jam session com a ItSelf, e rolaram alguns clássicos (muito mal tocados por nós hahahah), como Sepultura, Black Sabbath e até Deep Purple. Obviamente tudo cantado em gutural, porque ninguém era competente o suficiente pra cantar decentemente qualquer coisa que não fosse urrada. Não sei como, mas o pessoal ficou maluco e curtiu demais a podreira. Esperamos que não tenham filmado (hahahhaa).
Dormimos num quarto no próprio clube, arrumamos as coisas e viemos pra Áustria, onde a banda ItSelf continuaria a turnê sozinha, já que a Khrophus tem uma mini tour pelo Nordeste Brasileiro nas próximas semanas. No caminho levamos uma multa de 150 Euros por não ter comprado um adesivo com um código de barras, que deve ser colado no carro para poder rodar pela Eslovênia. Não teve conversa, ou pagávamos a multa na hora pra Polícia, ou os nossos documentos ficariam retidos com eles. Enfim, pagamos a bosta da multa, e seguimos viajem. Cruzamos a fronteira sem problema algum (ufa!), pegamos um pouco de neve em uma parte alta da estrada e chegamos a Salzburg. Conhecemos o lugar onde a ItSelf tocará hoje (09/11), e fomos pra estação de trem da cidade. Agora são 7:30 da manhã, e provavelmente já estamos em território alemão novamente (sinceramente eu não sei). Chegaremos a Frankfurt por volta do meio dia, e às 22h o nosso vôo sai com destino ao Brasil. Missão cumprida, e muito bem cumprida, diga-se de passagem. Passamos de tudo um pouco nessa turnê (coisas ruins e boas), e não tem como explicar a sensação de poder mostrar o nosso som fora do nosso país e ser reconhecido por isso como aconteceu aqui na Europa. Fomos muito bem recebidos em quase todas as ocasiões, e após os shows, o reconhecimento por parte do público foi assustadoramente positivo. Queremos deixar aqui o nosso MUITO OBRIGADO a todos que torcem por nós, que acompanham o nosso humilde trabalho, e aos headbangers europeus, que fizeram com que essa tour jamais seja esquecida por nós. No próximo sábado daremos início a um pequena turnê pelo nordeste brasileiro, e as expectativas são as melhores. Nos vemos em breve. Valeu galera, see ya!!!
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Alex Pazetto
www.khrophus.com